sexta-feira, 10 de julho de 2015

Ao cair da tarde

E foi pelos olhos dela que ele entrou,
acendeu as luzes
E no peito fez sala de estar.
Os dias foram de sol,
em céu azul,
e nunca chegou
a anoitecer.

Não exagero,
Se assim conto essa história,
assim aconteceu:

Plantou canteiros e canteiros
de adoráveis flores.

Cultuou o hábito
de lavar os cabelos dela,
tirando os nós dos ventos
com toda delicadeza...

Viajaram juntos
Para dentro,  e  para
fora um do outro,
pelo futuro,
Para lugares físicos
ou não.

Uma história de
"para sempre"...
Se fez no imediatismo,
na força do existir
de uma vida com intensidade.

E nas névoas
da madrugada
de uma tarde triste
rompeu-se
o fio..
Ele partiu no barco
de calmas águas,
Precisou soltar as mãos dela.

Ela chorou ao som
dos violinos
das canções de despedida.

Depois limpou o rosto
e voltou pra casa
onde fala dele
como se a qualquer momento
pudesse adentrar
a soleira da porta.



Imagem   Anka Zhuravleva

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

ENQUANTO isso...No mundo dos palhaços inoportunos.


Perdoe-me senhores, essa minha fértil imaginação!
Rio de coisa a toa, eu converso com a minha mão!
Desculpe-me senhoras eu não quis ser engraçado ou engraçadinha...
Vou cuidar com que dizer...o tempo da comédia é de Vossa senhoria..
Não sou engraçada e nem engraçadinha...sou uma humilde palhacinha,
no meio dessa palhaçaria toda!
Vou rir para dentro agora, guardarei um riso,
 no canto da boca e sarcasmo em revesgueio...
E prometo!
Se a imaginação aflorar e as bochechas inflarem?
 Engolirei o riso e rirei  para dentro!!! Só
para dentro!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Cena aberta





imagem: Anka Zhuravleva


Quando batia em minha janela
nascia um sol dentro da minha cabeça.
Quando falávamos em cavaleiros andantes
notas dissonantes,
descompassos e passos errantes.
Quando falávamos de figuras,
fotos, luz e sons,
o verbo, a palavra e a ação!
Tínhamos ideias quase verdadeiras,
estávamos em cena,
Eu aqui, você aí
na boca da cena,
na improvisação.


Catarina desconectada

imagem Anka Zhuravleva

Na vitrola Ella Friztgerald
Um calor de derreter
Catarina limpava a casa
dançava com os dedinhos,
movia o corpo para frente
e para trás...
Sentiu saudade daqueles tempos,
pela beleza do momento,
eternizado em muitas cenas de cinema.
Catarina sentia saudade daquele tempo,
em que se quer viveu.
Catarina e sua cabeça no passado
ou no futuro.
Apareceu na sala sua avó:
Presta atenção Catarina
as horas partem segundo a segundo.



domingo, 31 de agosto de 2014

Memórias em papel de seda

Pelos olhos vazou o mar
No peito abriu um sertão
Procurou não lembrar
Esqueceu um tanto de coisas
(Subterfúgios da mente).
Ouviu músicas que gostava
Andou com demasiada pressa
Disse que a tristeza não morava
em si.
Prometeu que ficaria bem!
E ficou!
Agora só precisava na
encruzilhada
saber qual era a direção.
Pois havia entendido que a vida era assim,
frágil.


Intangível

Na porta do mundo de Carina havia um aviso:
 "Ao entrar limpe os pés".
Mas há sempre
quem não entenda
o que é sagrado.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Estreita porta grande




Pode entrar, a casa é sua, seja bem vindo, não repare a mobília.
Aceita um chá, um café, um chocolate?
Não, não  precisa devolver, pode ficar no seu estômago, foi de coração.
Deixo as portas abertas, as janelas também!
Entra sol e de vez enquanto passarinhos que entoam  liberdade.
Aqui não tem poeira, só guardo fotografias.
A porta é grande, a sala é pequena, com muitas vias de saídas.
E só fica quem for jardineiro ou gostar de cães...