sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Extasiante azul marinho

Não preciso pintar uma tela
Não preciso escrever um poema
Está ali a paisagem
Me contento de olhar!
Está ali a poesia
Na beleza e agitação
Das ondas do mar
Que brincam com a areia
E  finjo
Ser uma sereia!

Ultimo dia do ano

Enquanto não escrevo
Contemplo
Pois
Nesse momento
As palavras não fazem sentido
E a poesia  não cabe no olhar.
 Como caber
A imensidão do mar?

Vejo as ondas varrerem a praia
Ouço o vento soprar
Ouço a cantoria da agitação do mar
Hipnose inebriante
Das constantes indas e vindas das aguás
Resvalando nos corpos que com elas se deleitam
Que com elas aproveitam o dia
Com as águas frias
E as núvens do mau tempo.

Aqui se advem um sol
De esperança
Para a chegada de um novo ciclo
E é sempre a mesma melodia
Há de nascer um novo dia
Um novo ano
E um bom tempo.






terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Carta em branco?




       Vou te mandar uma carta e nela não irá uma frase ou se quer uma palavra. Colocarei meu nome, meu endereço no envelope. A carta é em branco mesmo, para que você imagine tudo que tenho vontade de lhe dizer. E se acaso imaginar que sinto sua falta.... saberá onde me encontrar.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Destinos sem destinatários

Dona Sônia é a mulher do coveiro de uma cidadezinha por aí. Ela zela pela limpeza dos túmulos e é sempre muito cuidadosa e atenta, nada passa despercebido aos seus olhos. É uma senhora gordinha de riso fácil, alta e tem um coração do tamanho do mundo. É exagerada na forma com a qual se expressa, inventa palavras e possui gesticulações que lhes são peculiares. Seria um esteriótipo de personagem cômico, isto é, se fosse um personagem da ficção. Mas ela existe e é exatamente assim.
              Eeeeeh dona Sônia sempre tão prestativa com os mortos e gentil com os vivos!
             Todas as manhãs, dona Sônia segue a rotina de andar pelo cemitério observando a ordem do lugar. Ela tem uma mania estranha, gosta de andar entre os túmulos de pessoas que morreram recentemente. Isso porque ela soma quantos anos viveu cada pessoa,  lê cada uma das cartas deixadas sobre os túmulos. (você leitor, deve estar pensando: "Que coisa feia dona Sônia!"). Mas ela não faz isso por mal. Ela não faz isso para contar aos outros o que leu ou o que aconteceu  na vida alheia. Ela gosta de ler, lê tudo que encontra pela frente,  quando não esta de posse de um livro, lê qualquer coisa, até rótulos de embalagens. É uma mania! É um pecado!
      Dona Sônia me disse que as cartas  são todas de tristezas e lamentações. Arrependimentos sobre o que se disse, ou, o que se ficou por dizer e que geralmente o teor das cartas é sempre o mesmo. Um amor que está sendo declarado e antes não forá verbalizado. Saudade que não foi saciada, pois quem se ausentou e passou um longo tempo longe de casa, não conseguiu voltar. Uma briga que não encontrou reconcilhação. Tudo porque a  brevidade da vida se afirmou sorrateiramente, como que na calada da noite, sem que se percebesse ou esperasse.
       E o que dona Sônia concluiu sobre isso? Ela diz que não guarda mágoas de ninguém, faz o que pode pelos outros, pede desculpas quando erra e  exerce os cuidados de amor com o próximo, pois pretende não escrever cartas que não serão respondidas pelo destinatário.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Dentro de mim, permaneço de joelhos


    ("Os corvos no milharal" - Vincent Van Gogh)
                                       
Se tomar um banho
 Não melhora
Se dormir não passa,
Se correr , sou alcançada
Estou cansada.

Não está passando
Eu estou orando
Não estou melhorando.
Não há contra-gotas
Nem comprimidos
Sem efeitos colaterais,
Que acalme
Minhas dúvidas.

Não há remédio
Que elimine o tédio
Nem
Que me contente
Porque não quero
Nada,
Não me falta nada.
Um pedaço da alma,
por assim dizer,
É abstrato demais.
Nasci estrangeira
E nunca encontrei
Minha casa.

E se me perguntares:
Onde dói?
Respondo perguntando:
Isso é dor?




sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Massa inerte

Um barquinho no meio do oceano,
Estático,
Sem remo, sem remador
Vai de acordo com a correnteza
Não tem  gentilezas
Não tem avião.
Nem navios cargueiros
Que por ventura
Vejam a pequena embarcação.