sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Extasiante azul marinho

Não preciso pintar uma tela
Não preciso escrever um poema
Está ali a paisagem
Me contento de olhar!
Está ali a poesia
Na beleza e agitação
Das ondas do mar
Que brincam com a areia
E  finjo
Ser uma sereia!

Ultimo dia do ano

Enquanto não escrevo
Contemplo
Pois
Nesse momento
As palavras não fazem sentido
E a poesia  não cabe no olhar.
 Como caber
A imensidão do mar?

Vejo as ondas varrerem a praia
Ouço o vento soprar
Ouço a cantoria da agitação do mar
Hipnose inebriante
Das constantes indas e vindas das aguás
Resvalando nos corpos que com elas se deleitam
Que com elas aproveitam o dia
Com as águas frias
E as núvens do mau tempo.

Aqui se advem um sol
De esperança
Para a chegada de um novo ciclo
E é sempre a mesma melodia
Há de nascer um novo dia
Um novo ano
E um bom tempo.






terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Carta em branco?




       Vou te mandar uma carta e nela não irá uma frase ou se quer uma palavra. Colocarei meu nome, meu endereço no envelope. A carta é em branco mesmo, para que você imagine tudo que tenho vontade de lhe dizer. E se acaso imaginar que sinto sua falta.... saberá onde me encontrar.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Destinos sem destinatários

Dona Sônia é a mulher do coveiro de uma cidadezinha por aí. Ela zela pela limpeza dos túmulos e é sempre muito cuidadosa e atenta, nada passa despercebido aos seus olhos. É uma senhora gordinha de riso fácil, alta e tem um coração do tamanho do mundo. É exagerada na forma com a qual se expressa, inventa palavras e possui gesticulações que lhes são peculiares. Seria um esteriótipo de personagem cômico, isto é, se fosse um personagem da ficção. Mas ela existe e é exatamente assim.
              Eeeeeh dona Sônia sempre tão prestativa com os mortos e gentil com os vivos!
             Todas as manhãs, dona Sônia segue a rotina de andar pelo cemitério observando a ordem do lugar. Ela tem uma mania estranha, gosta de andar entre os túmulos de pessoas que morreram recentemente. Isso porque ela soma quantos anos viveu cada pessoa,  lê cada uma das cartas deixadas sobre os túmulos. (você leitor, deve estar pensando: "Que coisa feia dona Sônia!"). Mas ela não faz isso por mal. Ela não faz isso para contar aos outros o que leu ou o que aconteceu  na vida alheia. Ela gosta de ler, lê tudo que encontra pela frente,  quando não esta de posse de um livro, lê qualquer coisa, até rótulos de embalagens. É uma mania! É um pecado!
      Dona Sônia me disse que as cartas  são todas de tristezas e lamentações. Arrependimentos sobre o que se disse, ou, o que se ficou por dizer e que geralmente o teor das cartas é sempre o mesmo. Um amor que está sendo declarado e antes não forá verbalizado. Saudade que não foi saciada, pois quem se ausentou e passou um longo tempo longe de casa, não conseguiu voltar. Uma briga que não encontrou reconcilhação. Tudo porque a  brevidade da vida se afirmou sorrateiramente, como que na calada da noite, sem que se percebesse ou esperasse.
       E o que dona Sônia concluiu sobre isso? Ela diz que não guarda mágoas de ninguém, faz o que pode pelos outros, pede desculpas quando erra e  exerce os cuidados de amor com o próximo, pois pretende não escrever cartas que não serão respondidas pelo destinatário.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Dentro de mim, permaneço de joelhos


    ("Os corvos no milharal" - Vincent Van Gogh)
                                       
Se tomar um banho
 Não melhora
Se dormir não passa,
Se correr , sou alcançada
Estou cansada.

Não está passando
Eu estou orando
Não estou melhorando.
Não há contra-gotas
Nem comprimidos
Sem efeitos colaterais,
Que acalme
Minhas dúvidas.

Não há remédio
Que elimine o tédio
Nem
Que me contente
Porque não quero
Nada,
Não me falta nada.
Um pedaço da alma,
por assim dizer,
É abstrato demais.
Nasci estrangeira
E nunca encontrei
Minha casa.

E se me perguntares:
Onde dói?
Respondo perguntando:
Isso é dor?




sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Massa inerte

Um barquinho no meio do oceano,
Estático,
Sem remo, sem remador
Vai de acordo com a correnteza
Não tem  gentilezas
Não tem avião.
Nem navios cargueiros
Que por ventura
Vejam a pequena embarcação.

domingo, 27 de novembro de 2011

Vigia menina!!!

Se você vem
Muda o dia
A casa se enche
de alegria
Segunda vira sexta
Temos doces na cesta.
É dom ou magia?
Você traz consigo
A harmonia.
Mas me ponho a reclamar:
Nos concedi sua companhia
em doses de homeopatia?












sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Já vai passar....


O filho do meu afeto
Tem medo de trovões!
Não chore, não..
tu cabes
no meu colo
te beijo
te afago
rostinho
risonho
sereno
que velo
durante seu sono.
Tu cabes em
todos os
lugares
preenchendo
os espaços
que ninguém mais
avistou.









segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Gavetas
















Mulher guarda
O homem
O feto
Afeto
A espera
A apreensão
A intuição.

Tantos compartimentos
Tantos sentimentos
E compartilham
Doçura
Amor
E afeição.

São mães
E quando fertéis
transformam
Meninos em homens
Desertos em jardins
Pedregulhos em castelos
As sobras em dobras.

Demovem
Comovem
E vão ganhando
Espaço
No mundo!
E o mundo tem
Melhorado!
Será que o mundo
Está ficando
Afeminado?
Este mundo
Está deveras
Mudado!







Versos ao vento







Estou invisível?
Contorne as linhas dos desencontros
Me ache, me leia e me entenda
Acenda a luz
Alargue os passos
Me procure
E quando passar por mim
Me olhe...
E me olhe
Demore o olhar.
Que eu correspondo
Sem pestanejar!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ipês







                                                                                    
      

                                                                           
 O divino destino das flores,
adornar o chão.
Como se de propósito formassem um tapete
Na espera da chegada de alguém
E esse alguém,
É  qualquer pessoa que resolva passar
As vezes distraída,
As vezes nem aí,
O fato é que elas estão ali,
Para quem quiser contempla- las.
E em seu derradeiro momento
Alimentam a poesia
E quem sabe a alegria
De quem percebe
Nos pequenos detalhes
motivos pra  viver.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Quando o dia terminou


















São corpos
São almas
A procura da calma
Do repouso
Mas habitadas
Por desejos
E loucuras.
Ele
A agarrou pela cintura
Beijou sua nuca
Falou baixou
Falou ofegante.
(esta cena se passa apenas na cabeça dele)
No peito
Explodia
Em ansiedade.
Estourou na boca
Uma pereba,
Stress alto
Imunidade baixa.
(vontade não transposta para a realidade)
Era frágil
Ele não se continha
Ele não a tinha.
(como falar?)
Mas sonhava com ela.
Naquele dia
Passearam de bike
Um longo passeio
Riram,
Disseram muitas
coisas banais,
outras relevântes.
(Casais com afinidades gostam de conversar e
se divertem juntos)
Num dado momento
Ele disse
O que há muito
ensaiará para dizer.
E ela assentiu,
E sem dizer uma palavra
Coroaram suas vontades
Que gravitavam por
algum tempo no ar.
Quando perderam o
Medo de expressar
seus desejos
Afagaram-se
E terminaram o
Dia de mãos dadas
Agora eram
Namorados.
(isso de fato aconteceu)
Não se tratava mais de
Uma cena imaginária
Da cabeça de um
Ou de outro.
E o beijo ficou
Para depois
Quando
A ferida estivesse
Cicatrizada.




domingo, 13 de novembro de 2011

Os beijos que eu não dou, eu guardo




















Vive sempre na sua
Não encontra relevância
Nas dadas circunstâncias
De buscar companhia
Só para não ficar sozinha.

Beijos contemporâneos
São vendidos na feira
Beijos esportivos
Sortidos de vazio
Sem nexo
Sem conexão
Pura banalização
Carência afetiva
Sem saciação.

Pessoas isoladas
Dentros de expectativas
Que nunca serão atendidas.
Não existe perfeição!

A mecânização
De atitudes
Tidas como
Modernas.
Ou seria
Selvageria moderna?
Diversões furtivas
Cativeiro das distrações.

Essa reflexão
Não é
Um discurso
de Moralização,
Mas sim valorização
do ser que ama,
Elos direto
Da conexão
Divina
Na expressão do amor.

Ah o amor!
Esse que aquece a alma
Que ilumina a face
Embeleza o sorriso
E que alimenta o espírito.

O amor traz poesia
Quando correspondido,
Alegria.
E só cultivando
É que permanece.

Nasce de olhares
Do beijo
Do afago
Do calor.
De compatibilidade de ideias.

Este sentimento sublime
Não se encontra com facilidade.
Está por aí, guardado
Dentro de outro alguém
Que pode estar ao seu lado
Ou a sua procura
Para que compatilhem a vida
E beije os beijos guardados.













EXISTIR



Um branco
Um vazio
Ermitão.

Desilusão,
Desilusão
Uma canção
De solidão.

Mas  que ninguém
Se engane
Nem sempre
se trata
de Patologia,
Pode ser também
Uma grande alegria
Se o espaço
É ocupado pela criação.

Ninguém
Nenhum
Nulo
Não-ser
Não existir
Nada -  disseram
É uma palavra
Que aguarda tradução
Preciso entrar na contra mão.

Transgressão
Coragem
Perda do medo
E auto-proteção.

Avançar caminhos
Destituir barreiras
Encontrar solução.

Abrir mão do superflúo
Desapegar
De tudo que é nada
E fazer tudo
Que amenize a destruição.

Pare
Reflita
Faça pouco,
Mas pratique
A mudança em você,
E assim se começa a revolução.

Todos se vão
E a matéria fica
Nada preenche o vazio existencial,
Nada que for material.

Em um mundo pré-humano
Falta amor e solidariedade
E não vale a pena viver
Sem essa integração
Que nos torna inteiros
E preenchidos
Capazes de amar
Sem esperar
Retribuição.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Aos contratempos


















Uma taça de vinho e
Brindemos,
Ao que ninguém brindaria:
Aos peitos que não deram leite
Ao ventre que não deu fruto
A lua que não apareceu
E a chuva que pereceu.

Um viva
a moça que não se casou,
Ao negócio que não prosperou.
A casa que desabou
As regras que não vieram
Ao dia que acabou
 e à taça que se quebrou.

Um brinde!
Ao namoro que terminou
E ao pneu que furou
Ao tempo perdido
Ao doido varrido.

Um brinde
Aos contratempos
Aos do contra
Aos idiotas de plantão.
Um brinde pra quem ficou
Na mão.

As boas idéias rejeitadas
Ao bom dia não dado
Ao sorriso guardado.

Um brinde a tudo que
não faz sentido,
Ao mau explicado
E mau acabado.

Mas não esqueça,
Um dia olhe pra trás
E verá que tudo se enlaça,
Tudo se encaixa.
Esteve
Onde era pra estar,
O que não deu  certo
não era pra dar.
Tudo que não alcançou fruição
Terá sido
Uma enorme lição,
Pois tudo tem um lado bom.









terça-feira, 8 de novembro de 2011

O que ela não queria ouvir





Me Desculpe... mas você não é coitadinha! E que miséria ficar com auto-piedade!
Ele errou muito e você perdoou muitas vezes. E se perdoava sabendo que ele não mudaria seus hábitos, por que continuava perdoando? Assuma...queria um controle que não tinha! Queria controla-lo, muda-lo e nisso se feria, se magoava e não recebia de volta o que era capaz de doar. E você se doava muito, a ponto de ficar cansada. Era generosa demais e ele nunca reconheceu.  E Você lutou por reconhecimento, valorização, queria ser amada, eu sei que queria. Fez tudo que pode! Até mesmo deixou de ser quem era. Perdeu seu rosto, seus modos mudaram, suas roupas também....e você deixou de sorrir. E se você não é mais quem foi...quem é você? Você vive na sombra dele. Está amarrada, sufocada e não é amada. Ninguém ama uma criatura sem identidade, nem amor próprio! Ninguém! E te digo: " você também não o ama", é apenas uma obcessão, algo irrealizável do qual não consegue se desapegar e isso não pode ser amor.
Você pode escolher ficar ou seguir. Mas se  ficar continuará cobrando, mendigando afeto até que um dia ele não mais a suporte e a deixe. E aí você vai chorar e dizer o quanto ele é mau caráter e cafajeste e tantos outros adjetivos desqualificativos que normalmente são dirigidos a homens com comportamentos indigestos. Apenas lembre-se que tudo que aconteceu foi com a sua permissão e nesse dia assuma a responsabilidade pela sua vida. Delegar aos outros a responsabilidade sobre a sua própria felicidade é pesado demais e inviável. Começe a viver. A vida é efêmera.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Você é parte de quem?


Quando ele fingi ser outra pessoa,
Ele se parece comigo.
Nos projetamos,
Nos enganamos.
(Por algum tempo)
Não sou a medade dele.
Sou um kiwii inteiro.
E ele, por sua vez,
Um limão pela metade,
Que desconsoladamente
Procura por sua outra parte.
Não eu!
Mas a sua própria metade..

Ele fica vazio
E nada  o preenche.
É...É bem aqui...
(essa sensação)
Mas ele espera algo de fora!

Durante um tempo
Ele achou que eu fosse sua metade.
Mas que grande
E pesada parte!
Carregar essa responsabilidade
De ser a parte de alguém!

Ele se engana
Eu já me enganei
Ele me vê de um jeito
E eu o vejo como é.

Ele fica triste,
Azedo mesmo!
E não percebe
Que a parte que procura
Está inteira dentro de si.

sábado, 5 de novembro de 2011

A cura


Imagem: Anka Zhuravleva

O tempo naquele dia queria marcar sua passagem por contra-gotas. Ela disse: "isso é prisão". Não se sentia bem e uma vontade de fugir dali, invadiu lhe o peito. Chorou por alguns minutos como criança, fez papel de criança, mas não sabia como lidar com a necessidade, que ao mesmo tempo, eram algemas. Estava cansada, o corpo doía, estava realmente frágil, mas não o suficiente para abandonar-se a aceitação. Levantou-se devagar e disse que ia embora e foi. Ela resolveu que diria não a todos os tipos de prisão, sabendo que pagaria um preço pela liberdade.

Diálogo vazio?

-E aí o que achou?
- Sei lá...
- Como assim?!! Sei lá?
- Não me signifiou nada. Não me tocou. Não me mexeu.
-Então é nada...é vazio. Esquece!
-Esquecer o que?
-Nada...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Da janela para o quintal



A casa continua grande, meu quarto pequeno
No jardim, sortidas azaléias recém plantadas
Uma rede na varanda
Um gato que me afaga os pés
A grama é verde
No fundo do quintal jaz um bananal
E em seu lugar arvóres frutíferas,
Ainda vazias,
Porque não é época de colheita.
Eis o tempo de espera
E esperar é difícil.
Se há tempo para tudo
Eis que minha espera não será em vão.
Enquanto espero, rego meu jardim
E de melodia ouço a cantoria
Dos pássaros que passeiam
Em minha janela.




Negação tácita

Estou com coragem de ser sincera!
Estou em dúvida
Não sei do que preciso,
E sei que estou com medo.
Medo do novo,
De perder tempo,
De ser covarde.
Tenho medo de  arrobos!
Ficar com os pés no chão
É tão seguro e confortável.
Não quero perder a liberdade
Não quero isso
Ou aquilo!
Mas "não querer" é a parte
Do meu plano,
Que me faz desconfiar de mim.









quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Bunda transcendental


Moldando a forma:
Estica e puxa,
Enche, preenche,
Lipa os culotes,
Estufa o silicone,
Esparrama o umbigo,
Infla os peitos.
Atendendo padrões!
Pois peito caído
Ave-Maria sem graça!
Não tem público na praça
Nova era de mulher sem-graça,
Ou de graça: Maça, morango e melão.
Ah que alegria!
Auto-estima em dia!
Viva o exagero,
Viva o corpo!
E o espírito?
Numa casca
de músculos e botox.

O alimento aqui
É o da bunda
 Três Séries de mil flexões
Se evita fadiga de uma bunda caída.

E livros mesmo,
O lugar é na estante,
Como efeito decorativo.






segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Despersonificação


Para as mudanças do tempo
Um pouco de bom senso
não seria  mal!

 Preencher as lacunas do tempo,
Em excesso,
Deformará o narutal.

 Há quem viva em busca de modismo
E que trava com o tempo uma batalha,
Mas se a medida está correta
Não estica ou petrifica
A cara da moça bonita da revista.

Bom seria,
 se o tempo não levasse  embora a juventude,
Mas  certo é o adeus que ela dá.
Bom seria, se com tempo
todos alcançassem sabedoria.
Alguns a louvam,
E outros a possuem com a idade
 E outros tantos,
 tem mesmo é desinteria mental.

Tudo isso é banal!
Mundo das aparências
Tu não vales  o quanto pensa
És de valor teus títulos,
ainda que guardados em gavetas.

És de valor o que tens guardado no cofre,
Teu nome, se for de tradição.

E assim se segue um vida inteira
No vale caótico das perdições humanas.
Vivem como se fossem eternos
Esquecidos de que certo mesmo
É o destino findável do homem.





Te abraço

Te acolho e te afaguei.
O abraço dado foi terno,
Macio.
De saudade.
Só sente o valor disso
Quem um dia viveu num deserto
Na escassez de afeto.

No abraço,
Eu disse que te entendo
Sem dizer uma palavra,
Talvez você não tenha entendido,
Mas sei que sentiu
A ternura do meu afeto
Que compreende a tua fragilidade
E te faz humano.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O jogo da corda bamba

__Eu fui sincera...eu disse tudo que sentia....que o amava...que...eu disse....(desabafou ela com os olhos marejados)
__ E ele?
(suspiros) silêncio - um trago no cigarro:
__ Ele disse o que pensava : Que "preferia não saber"...que eu acabei com o seu entusiasmo e que jogar assim não tem graça!

Um dia foi plano

Já vou já daqui
Falei que não demorava muito
Tanto que já fiz as malas
Eu sei meu jeito desassossegado
Eu sei das suas manias:
Coisa de quem não se importa.

É que hoje eu descobri uma coisa óbvia
Eu não dependo de você.

Vou já daqui,
E é daqui a pouco,
Indo não volto mais
Nem olho pra trás.

Tanto disse,
E um dia farei!
Não acredita?
Saio agora.
E chove lá fora,
Você diz
Que não é chuva
E sim choro.


Se for mentir pra mim...meu bem! Minta muito bem.  Careço de um pouco de atenção que eu não sei pedir. Preciso de um pouco de ilusão. Acreditar de novo que o comum não é essas máscaras clichês que todo homem usa. Não me venha com o óbvio, respeite a minha inteligência.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Onde mora a perfeição



         Ah que mulher! Galanteavam os homens, quando ela passava faceira e certa de seus encantos. Joana, por essa graça, atendia a moça. Não era a mais bela que já se viu, mas era bela, porque assim se sentia e isso lhe bastava. Era letrada, viajada e independente. Não estava nem aí para padrões disso ou daquilo... não se prendia as convenções da sociedade.  Que moça vivaz, feliz....e como era feliz!!! Seus olhos tinham vida própria, dentro deles moravam duas estrelas que brilhavam na escuridão de seus olhos negros. Despertava amores e inveja. E por isso, de vez enquando era possível ver uma nuvem escura sobre a cabeça dela. Que liberdade tinha essa moça! E  não raras, foram as circunstâncias em que o preço de ser assim, lhe fora cobrado. Era  pessoa de alma limpa, despida de preconceitos, era o que se pode chamar de um ser humano incomum. Mas ela tinha um defeito.... "parecia perfeita", nela morava o drama mitológico de Psiquê. E lamentavelmente, existem poucos homens preparados para uma mulher assim!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Rebeca










Ela não teve tempo de nada!
Veio com um nome sim,
Bonito por sinal.
Nome de moça bem cuidada,
Se não fosse uma menina:
Filha do descaso,
Anônima, sem berço ou infância.
Quem se importa?
Quem lhe deu amor?
E com quanto foi feliz?
Foi Feliz?
Não sei...
Mas tentou.
Era bonita e se via ao contrário.
Era menina:
brincava, sorria e dizia que amava....
Escrevia no muro, na parede..
Desenhava corações.
Ela sabia sorrir
Um riso largo,
Mas escondia o rosto,
Tal qual nuvens que cobrem o sol.
Ora ou outra,
Se via pelas frestas de suas madeixas,
Olhos curiosos e flamejados de meiguices.
Ela tinha coração,
Tinha sentimentos.
Ela tinha sonhos?
Provável,
Tinha a vida inteira pela frente.



Há que se aprender a expressar amor

                  Fernanda, belos olhos grandes de cílios alongados, o que injustamente rendeu-lhe o apelido de "zoio de fusca" . João menino magro e comprido e muito esperto ( chamado de grilo por  Fernanda, em retribuição ao apelido recebido). Luiz coadjuvante na história.
Começa assim....era só uma conversa de meninos, sobre futebol, mas eis que entra uma menina para abelhar e apimentar a história:
Fernanda __:  Estavamos eu e você, no meio do deserto e aparece um dragão. O que você faria?
Luiz __ : Eu fugiria te deixando para trás, o dragão ao te capturar desistiria de mim. - Disse ele sardonicamente.
Fernanda riu também, mas o que ela queria mesmo era cutucar João:
___ O João iria correr atrás do fusca. -  Disse fazendo um referêcia a sim mesma. E ainda completou: __...rsrs....com essas perninhas de grilo...rsrs..
João ouviu isso e não deixou barato, o menino tinha a boca suja. Foram todos para a secretaria.
O "por que" de tudo isso? Eles se gostam  e o tempo todo tentam chamar a atenção um do outro, e a maioria das vezes é brigando.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O que ele precisa aprender

Fale com ela ou não saberá
 o que ela pensa
Ou se ela pensa...
Fale com ela e saberá
Se ainda pensa em você!
Fale! Fale! Fale!
Fale o que sente...

Seja sincero
Por Deus fale :
Que tem sentido a falta dela
Que a saudade o assombra
Que a sombra dela cobre o sol.
Fale tudo!
Não esconda nada
Apenas fale ,
pois ela não tem como saber
E não pode adivinhar.
Fale!
Ela precisa saber
que mexe com você
E que o cheiro dela
Está guardado na memória
das suas sensações.

E se depois de falar
Ela ainda o ignorar
Volte seu olhar 
para a porta
Saia, feche-a
atrás de si.
Tenha orgulho!
Amor próprio!
E não volte
 nunca mais!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O medo e a clausura de Danilo

         Absorto em seus pensamentos, Danilo questionava-se: -  O que há de errado comigo?
Eu explico caro leitor, pois do auto da minha imaginação eu vi :  Ele andava insatisfeito, irrequieto e pensando demais em Roberto. Pois é, ele pensava demais no amigo que encontrava todas terças e quintas para uma partidinha de futebol. E sempre que calhava numa dessas exaustões de auto questões, ele se perguntava: Será que sou gay?
       Rapaz de familia tradicional e religiosa, não teve coragem de responder a sua maior e angustiante questão, e  assim sendo, encaminhou-se para vida sacerdotal.

Nefelibata



Menina pateta, espuleta
Corre sem olhar para os lados
E sempre quebra as ampuletas,
...Derruba o tabuleiro
E corre para o bananal,
Se esconde, se avecha
E espera acalmar o temporal
Das têmporas doloridas
E a boca bem dita
Da dona Benedita.

Menina faceira,
Sardenta, sapeca
Encontra um caminho
Para estar sozinha
E se vai sem sair do lugar
E sem perceber que na sala do tempo
Voa também seu pensamento.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Circunstância inusitada e improvável

       


         Enquanto Vitor aguardava seu amigo, algo lhe chamou a atenção, uma fotografia que posava sobre o piano no canto da sala. Parou os olhos sobre aquele figura delicada, de olhar forte e sorriso tímido. Considerou o olhar e o sorriso da moça um contraponto. Como poderia um olhar tão decidido no mesmo rosto que morava um riso tímido? Os olhos pareciam guarda um segredo que a boca desconhecia. Ele Olhou, olhou e ficou olhando e se perguntando quem seria. Colocou o retrato no lugar e voltou a sentar na poltrona a sua frente. Sentiu-se intrigado e atraido e concluiu que ha tempos não se sentirá assim....com o desejo de saber mais sobre alguém. Nos últimos tempos Vitor tinha vivenciado apenas relacionamentos relâmpagos, desses de uma noite e só. Pra ele isso era moleza, era bonitão, bem sucedido, mas era meio inseguro. Acho que aí se explica sua necessidade de alta rotatividade na vida afetiva. O cara não parava com ninguém! E é possível caro leitor, que o nosso personagem tenha se sentido  meio maluco, com o que fora disperto nele. E ficou ali pensativo, analisando a foto da tal moça, que provavelmente seria irmã ou alguém da familia de Augusto, seu amigo e o dono da casa, que se vestia para sairem em mais uma noite de pura curtição. E só para constar, Vitor sabia que era pura perda de tempo, sendo irmã ou ....de seu amigo...é lógico que estava fora de cogitação. Homem conhece homem....Augusto conhecia Vitor e vice-versa, biscoito do mesmo pacote.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Os botões não contarão

__ O marido de Mariana estava com uma zinha...ui!  -  Pensava alto Carolina.
__ E agora? Conto ou não conto? Conto ou não conto? - Repetia ela, várias vezes, a si mesma, andando de um lado para outro da sala. 
__  Que canalha!! Que cachorro...fazer isso com a ...Ela não merecia isso! E agora?!!! Eu vou contar. - Disse indo em direção a porta.
Mas logo titubeou: - ..Será? ...Aiiiiiiiiiiiii ...O que eu faço???
Carolina ficou ali com seus botões, por algumas horas...e  chegou a uma conclusão:
__ Mulher “apaixonada” acredita no marido, que geralmente mente”mal pra caramba”.

Sr. Tempo




Na sala do  Tempo vivem harmonicamente
O Relógio e o Calendário,
Trabalham em sincronia e nunca se cansam.

E o tempo
Que é um senhor,
Possui todas as respostas,
E cura todas as feridas.

O tempo, o Sr. Tempo
É leve e voa
É implacável e passa rápido,
E por todos os lugares,
Apressando o homem
Que não tem tempo e vive cansado.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Nós desatados

Entrelaçando mundos!
Mundos diferentes
Iguais ou  parecidos...
Tecendo um agasalho de mundos
pra aquecer o meu ânimo pela  vida...
 Ocupando espaços vazios ...
Me enlaço e faço alguns nós
Desfaço laçadas que se perdem no ar
Completo com linhas coloridas  e sonoras  
Formando meu icosaedro de opções
Te coloco dentro delas,
Nessas linhas invisíveis
que demarcam meu território.
Experimente ficar!
Sou  tua,
Mas sou minha.

Me fogem as mãos as cordas dos freios
Me fogem dos pés,  o chão
Me acariciam o rosto, o vento
E eu caio pra viver
Me apanhe, não irás sentir o impacto
Descubra que comigo não existirão nós,
Apenas eu e você.
Me enlace e descubra o que é doação
E me liberte da jaula ególatra em que me meti
Dissolva teu medo  e me abrace.
Que eu subtraio a minha vontade eremita,
E construo aqui minha permanência.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Equações



 Eu entendo só o meu silêncio....a minha vontade  de calar, só pra ouvir o sussuro da sua voz que ressona nos côncavos da minha alma...que arrepia a minha pele e inebria o meu desejo.
Eu entendo apenas o meu silêncio, e sei que ele é feito da minha vontade de compreender  o meu medo, o  medo de não me dar a ninguém...e o seu silêncio é uma equação? Não sou boa em matemática.
Necessário se faz o silêncio, mas ele não me traz respostas, porque ele não responde por você....
E a solidão é de cada um ... e a minha é minha vizinha...vivo numa ilha cercada de dragões...
Minha solidão não é patológica...é apenas silêncio e  zona de conforto pela força do hábito.
E a sua solidão do que é feita? Mora em você o hábito de se ver só?
O meu hábito é sentar aqui nessa confortável poltrona e dialogar com meus livros. E você onde mora?

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Silêncio...

    

              Sshhhhh..é bom estar a sós, com a gente mesmo. Eu não quero conversar, hoje não. Hoje não quero nada, nem compreensão, nem respostas.
               Esta frio, estou circunspeta, estou racional e não adianta, não estou achando nada engraçado. Acho tudo uma "babozeira", não lerei nenhum poema. Não quero saber do mundo! Não quero saber de você!   
             Tem dias que é assim...nem feliz e nem triste....fica sem sal, é um destempero e a poesia mesmo.... viajou para um cômodo qualquer de mim, pode até ser a sola do pé, e de lá não sai de jeito maneira. Eu estou sem boas maneiras, sem boas intenções.
             Mas eu falei em você! E não devia...está aí a razão...sua ausência definitiva destempera meu humor!
    

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quando a noite chegou sobre Tereza


















Tereza 24, Zé 46 e entre eles a diferença não era só na idade. Ela falava, ele retrucava. Ele gritava, ela nem de longe permanecia em silêncio. Era assim, num dia muitas brigas, e pra essas ocasiões, Zé sempre usava um bordão: "Um dia me arranco dessa casa”! E quando tudo acalmava, choviam arrependimentos e beijos e ninguém mais falava em ir embora.
Zé, era sentimental, e algumas vezes guardava uma lágrima no canto dos olhos. Era misterioso, pouco falava de sua história. Era engraçado e disfarçadamente expunha suas idéias românticas. Ele era um sonhador.
Tereza, geniosa, mulher de fibra, que não chorava por pouco, lidava com  os percalços da vida com coragem e fé. Com os pés no chão ia a luta, poucas vezes se permitiu fragilidade.
Zé era um contador de historias nato, tinha a habilidade como ninguém de "floriar" os fatos, e pra isso empregava seus neologismos e onomatopéias, e assim, instalava os sonhos na cabeça de seus  filhos. Ele pensava que não os veria em idade adulta, em decorrência de ter se tornado pai em idade avançada.
 Muitas vezes, Zé se sentia só, porque era de sua natureza, era uma criança no corpo de um homem, sua vontade era de colo. Tereza não tinha tempo, ela andava muito atarefada, seu trabalho era desgastante, muitos afazeres e por fim o resultado era cansaço e falta de paciência. Era brigona sim, e Zé se ofendia fácil, e embora se amassem a convivência estava longe de ser pacífica. E assim os anos foram se passando, e ele acreditava que um dia, ela iria embora e ela uma vez lhe disse: "Só a morte nos separa".
Ele não entendia que o amor era feito de doação, ele ainda pensava como se pensa um jovem na flor da idade, que o amor é empolgação e vertigem, dessas loucuras que arrastam dois corpos nos cantos das ocasiões. Ela sabia que amor é cuidado, proteção, mais que querer bem e acima de qualquer coisa. Ela sabia.
É necessário dizer, que eram companheiros, nenhum dos dois permitia que o outro estivesse só, em casa. Um sempre aguardava a chegada  do outro e se acaso ocorressem atrasos, era motivo de preocupação. Certa vez ele rezou muito, quando ela precisou fazer uma pequena cirurgia. Ele tinha medo da fragilidade da vida. E ela o via como forte.
            Quando já tinham muitos anos de casados, numa manhã de sábado,  Zé não pode se erguer sobre suas próprias pernas, precisou de Tereza. Ele não sentia as pernas, precisava ser atendido por um médico e enquanto a ajuda não chegava, ela o trocou com todo zelo, e ele percebendo o que  acontecia,  balbuciou: - Que situação...
E para confortá-lo, ela disse olhando nos seus olhos espelhados, que sempre contavam o que seu dono sentia: - Fique tranquilo, esse é o amor sobre qual eu sempre lhe falei...um cuidar do outro....- concluiu ela enquanto terminava de vesti-lo. Ela penteou os cabelos brancos e ralos dele, passou a mão sobre sua face e o acompanhou quando ele saiu carregado porta afora, deixando aflitos os que ficavam em casa.
 As horas foram passando, adentrou a noite, a madrugada, até que Tereza pegou no sono, mas acordou de sobressalto, porque ouviu a voz dele chamar por ela, era um sonho, ou pesadelo? Ela não dormiu mais e ele dormiu pra sempre. Então ela soube de fato o que era estar só.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Quando alguém parte

     
                 Desde o dia em que você partiu, tudo aqui ficou diferente, passamos a esperar o seu retorno.  Você costumava chegar perto das cinco horas, esse hábito ficou pra nós, ficou também, um  buraco enorme que era preenchido pela sua alegria e seu jeito único de ser. Teu rosto rosado, que se alegrava com a minha chegada, ficou como uma fotografia que fora capturada pelas minhas lembranças.
            Hoje em dia, se cria a ilusão de que contemplaremos teus olhos cinzas novamente, que afagaremos teus cabelos branquinhos feito a neve, mas é só um jeito de te manter aqui, é uma saudade imagética e porém, mais viva.
                 Eramos completos, eramos felizes e agora é tudo diferente. Diferente porque você não está, e isso causa  saudade. E essa saudade, aos poucos se tornou bonita e só te recordamos com riso nos lábios. 
               As coisas mudaram por aqui, as mangueiras foram cortadas, e com elas se foram as orquídeas, em seu lugar cresce um  muro feio de concreto. A casa ficou maior, as bananeiras também foram cortadas e confesso, protestei, mas não deu jeito! Sabe...  Isso me fez pensar em como tudo muda. Os espaços vão sendo modificados e neles cabem tantas lembranças e penso que esses espaços são mantidos sem modificações, só mesmo dentro da gente, nas  recordações. E assim você sempre  vai estar presente, e não importa o quanto as coisas mudem, o amor permanece, e isso também é fato.

Acaso

          Ela o avistou do outro lado da rua, ele estava distraído e não viu quando ela acenou com a mão. Ela gritou e ele estava como fone nos ouvidos, provavelmente ouvindo uma de suas músicas preferidas. Ele a teria reconhecido de imediato se não estivesse tão ocupado com uma dor estranha, dessas que se alojam na alma e deixam o corpo doente. Os olhos dela estavam fixados nos passos que ele dava em sua direção e nesse momento ela acreditou que ele ouvirá seu chamado. Seus passos vinham em câmera lenta, como nessas cenas de cinema, e ela estática, quase sorrindo, viu ele passar do lado, absorto em conjecturas que nunca teriam respostas. Ela no entanto não era dessas moças frágeis que choram a toa. Mas era puro sentimento, tinha poesia na alma. Quanto  a ele, ela nunca soube de fato quem era. E naquela mesma tarde, ela se refugiou em seu quarto. Era tudo que possuía, suspiros contidos que foram convertidos em palavras e resumidas nas estrofes de um texto, de uma poesia.

Como se sente?




La fora uma chuvinha, tão calma que parece cantar
Aqui um frio se remoendo
Perto de você um medo de que o vento corra.

Acima das nossas cabeças nuvens e dentro delas também
No peito um aperto que não chega a ser dor
Chega a ser qualquer coisa
E no entanto não é nada.

E distante daqui e de qualquer lugar
Um abismo sufoca alguém
Que não dorme...
É que lhe a batem a porta
Idéias de coisas inacabadas.

Mas que dia triste o seu!
 E entediamente pra mim,
E pra ele, eu não sei.

Que sina! Que ideia!
Com tudo, sei que estás
Descalço e não receberás visitas.

Há uma direção...
Tenho estradas e quem não as têm?
Teus olhos estão vendados
E o meus tocam o horizonte.