quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Maestria

Negra, negrinha, mulata quando estava bem, estava ótima e fazia um carnaval só. Isto é, um carnaval sozinha, imaginava luas e sóis e no clarão da sua condição de fértil imaginação sambava a  solidão. Jogava beijos para os ares, sorria e cantava...sambava, cantava, sambava....e botava o tédio pra correr. Os dias eram bons, mas quando não eram, ela deslizava sobre os contornos das contrariedades.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Me empresta seus olhos?

Do  pouco que o menino viu
dos modestos presentes que recebeu
em contentamento
se manifestou!
Mas o que ficou da sua
primeira viagem
foi justamente o espanto
da longa ponte que atravessou.
O rio era grande
pra ele
imenso
 E então
pensou que fosse o mar.
aguardou a travessia
E do outro lado
já muito cansado
 adormeceu extasiado.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Promessas























Vou dançar aquela canção
que só eu e você conhecemos
enquanto na imaginação
carimbo seu lábios
com baton.
Usarei aquele vestido florido
do ultimo verão
farei versos de alegria
esquecerei a nostalgia
bebida ao por do sol.
E quando estiver cansada
me deitarei sobre a
colcha de retalhos
de cores
vibrantes e felizes
estendida sobre a grama
 uma antonímia
do que levo
aqui dentro
e sobre o crepúsculo
versarei saudade.






sábado, 4 de fevereiro de 2012

O lado de fora é a parte insignificante do que se deixa ver





Dia desses parei de escrever
Sei lá o que tinha
Se fora embora a imaginação
Ou se carecia de inspiração.

Não tinha um fio de poesia
Não versei
Não comi
E não dormi.

A harmonia se foi
E gritos histéricos
Ecoavam de algum lugar
Dentro de mim.

Não queria ouvir
Eu não vi
E por isso
Nenhuma palavra teci.

Andei sentindo
Andei vendo
        Andei fora de mim.

E quando voltei
Estavam tecidas
As rendas
Com fios
De dias
que não versei.

Pé ante pé


Quando passar me dê um sinal
Beije meu rosto como a brisa no varal
Sutilmente
Tem que ser assim
Devagarinho
Pisando de macinho
Na grama do meu quintal.

Sou bicho arisco
 bicho solto
No arrozal
Me alimento do silêncio,
Eu ando muito rápido
sofro de inquietude.
Padeço de mãos sonolentas
 cabeça elétrica
Corpo involucro
em carapaça.
Por isso
Chegue bem quietinho
E me faça um carinho
Se deite na rede
Da minha varanda
E repouse comigo
Me salve do perigo
Das minhas indagações 
Das minhas inclinações
E roube a minha solidão.











Ao "outro" de mim


Eu não me importo
Se você
Perdeu a meada
Ou ficou na madrugada
Dormiu de sapatos
E tomou banho de pé de pato
Ou seja lá
Qual foi o seu ato!

Eu não importo!
Com as verdades alheias
Com as suas meias
Ou a etiqueta da sua roupa.

Se andou pelado
No carnaval
Afinal,
É o que se tem
Embaixo da roupa,
E é  bela
Todas as diferenças
Da nudez.

Por que a palidez?

A sua cara
não me importa
Nem a expressão que
Carrega nela.

Me interesso
Pelo que não posse ver
Ou tocar.

Parei de tentar
 não errar
Da licença pra eu perder
a hora
Ou se quiser a linha
A vida é minha!






Linhas guardadas

Não guardo uma linha
O que digo não tem conexão?
Linhas rompidas então!

O que penso ofende
E pensando alto
Resolvi dar linha
Dei muitas palavras
E me deram de ombro
E eu mirei o cotovelo.

Entenda bem
Entenda mal
Entenda como quiser
Porque sobre os outros
me calo
O que falo
 É a meu respeito.

O que penso tem muitos lados
E não entendo porque sempre
O lado escolhido
Não é o lado
Por mim dito.