segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Um pé de fleuma

Estou plantando minha calma
Chuva calma
Há de germinar
A paz que eu não consigo alcançar.

Alguns a encontram comprando
em caixinhas,
Outros orando
E eu
Apelo para o natural
Plantando no fundo
Do meu quintal
Um pé de maracujá.







quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Aceita um...

___  ...um chá? Um café? Um sorvete? - Ofereceu dona Paciência.
___  É amargo? -  Indagou quem aguardava.
___  Depende de como você encara! Retorquiu ela, com toda pachorra do mundo.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Entulhos

Revistas velhas
Movéis inúteis
Pouco espaço
Para tanto guardado.

E assim guarda
O que não precisa mais
A mágoa
Ressentimentos
Desalentos.

O que já não lhe serve guarda
A roupa demodê
Apertada e desgastada.
Não vai ser usada
Nem pra pano de chão.

O cérebro já assimilou
Guardar...guardar...guardar...
E o corpo entendeu
Se deu constipação intestinal.
E o coração não doa
Nada a ninguém.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Sociedade sã?!!!



             Passava na rua uma senhora, por volta dos sessenta anos, trajando vestido colorido e curto, duas tranças no cabelo que adornou com flores, cigarro entre os dedos. O nome dela? Josefa, Zefa preta, Zefa louca...
            Subiu a avenida e aos olhos saltados da dona na janela, gritou:
___ "Você não manda em mim não"! "Quem manda em mim é D(eu)S"!!!
Dito isso, subiu rente e nem para trás olhou.
___ Louca é a mãe! Falou a dona da janela. - A sociedade presume o que não ouve.
                    E quem é a mãe?  Me perguntei. Alguns minutos refletindo, conclui: "são os olhos grandes de todas as janelas".

Grito amordaçado

Eu sei que não está  tudo bem. Andas sem esperanças, sem fé. Estás indómito e teus olhos grandes estão baixos. Andas no inferno e não estaria livre dele em qualquer outro lugar, porque a ferida é profunda. O licor que você bebe é amargo. E eu, se pudesse te daria um pouco de alivio, soltaria suas algemas, secaria teus olhos e te colocaria no meu colo, como um dia foste pequeno e nele coubeste. Você desistiu de sonhar e morreu em vida.  A liberdade que procuras está do lado de dentro. E ninguém, além de ti saberá como encontra-la, porque o percurso é só seu, e não há  um mapa.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Impalpável

___ Assopra aqui...(Disse ela com voz fraca)
___ Onde!??? Indagou o rapaz.
___ Bem aqui...assopre...assopre por favor...dói muito.
 Ele sem entender onde doía, julgo-a louca. Afinal não podia ver  o que a moça indicava. Mais do que depressa ele pegou um táxi, pois estava atrasado, sei lá para quê. E ela pô-se a vomitar, vomitou o coração e com ele nas mãos assoprou...assoprou...assoprou...
Mas o que curou mesmo, a tal moça, não foram os assopros, esses diminuiram a dor. Para a cura, ela contou apenas com o tempo.




O  poeta nem sempre sente
As vezes mente
dizendo tudo que sente
sobre a vida
que não viveu.
O poeta se calça de imaginação
E de todo licor amargo que não bebeu
E manjares que comeu
Desenhando as impressões das linhas da vida.


Aceita um drink? De quê?

__  Garçom uma dose de Amor por favor! Disse um sujeito encostado no balcão.
Enquanto o garçom se virava para atender seu pedido, o mesmo:  Ah garçom...... (faz indicação com o dedo para que o mesmo se aproxime e sussurrando dizendo:
__ Antes me vê uma de coragem...por favor...
O garçom novamente se afasta e o sujeito indeciso:
___ Garçom acho que vou beber o habitual...me serve aí uma dose de medo... por favor!